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A Farsa dos Copinhos de Papel


A Farsa para quem não sabe, é uma pequena peça cômica popular, de concepção simples e de ação trivial ou burlesca, em que predominam gracejos e situações ridículas. Hoje em dia, por falta de informação, protagonizamos corriqueiramente uma enorme confusão no mínimo cômica, para não dizer triste, quando adotamos os graciosos copinhos de papel exaltando sua possível relação com a sustentabilidade.


Esses dias, fui a uma festinha infantil, estilo piquenique, num parque. Amei tudo: da simplicidade e adequação dos elementos decorativos; ao foco absoluto da celebração nos seus protagonistas, as crianças. Mas meu mundo caiu quando me deparei com coloridos copinhos de papel. Respirei fundo e falei comigo mesma: "Natália, deixa de ser a louca da sustentabilidade, pelo menos são de papel!". Dei o primeiro gole na água que havia servido naquele recipiente. O gosto era horroroso. O sabor do plástico impregnou minha boca. Não adianta mesmo, eles não me enganam!


Depois dessa experiência, resolvi me informar um pouco mais sobre o ciclo dos copinhos de papel. Como eu já imaginava, a grande maioria dos que encontramos nas lojas de decoração não são compostáveis, nem biodegradáveis. Primeiro, por serem de papel colorido; e segundo por serem revestidos de polietileno. (Precisamos abrir um parênteses aqui: o polietileno é um tipo de policarbonato. Os policarbonatos ficaram conhecidos por usar Bifenol-A na sua fabricação. No Brasil, essa substância é proibida na composição de qualquer objeto de uso infantil por ser prejudicial à saúde. Daí a sigla BPA-FREE, que se usa para marcar os objetos feitos sem Bifenol-A.). Essa resina plástica de polietileno garante que o copo suporte altas temperaturas e o contato prolongado com líquidos, porém inviabiliza seu processo de reciclagem. Só resta, assim, aos aparentemente "ecofriendly" copinhos de papel, serem encaminhados para os aterros sanitários. Lá, liberarão metano e contribuirão para o desequilíbrio ambiental e o efeito estufa.


Pensando em economia circular, a produção desses copos requer muitos maquinários, alto gasto de energia, água e matéria-prima certificada. Diante desse contexto, a ideia de usar copos de papel não parece tão acertada nem do ponto de vista ambiental, nem da saúde. Hoje, já temos algumas empresas que produzem copos e outras embalagens totalmente biodegradáveis, porém suas soluções costumam ser de difícil acesso à população de modo geral. A maioria das empresas só vende em grande escala e com um custo bastante elevado comparado aos seus congêneres.


Alguns bons anos atrás, quando esse questionamento sobre o uso excessivo dos copos de plástico e possíveis alternativas começou a ganhar força aqui no Rio, eu tinha o enorme prazer de compartilhar meu local de trabalho, com um especialista em gerar soluções inovadoras para os atuais problemas sócio ambientais. Sempre aberto para trocas, idealizador da Materiateca e muitos outros projetos que contribuem para mudanças de paradigmas, Bruno Temer, admirado como profissional e querido como amigo, me ensinou que apesar dos impactos da fabricação dos copos reutilizáveis serem maiores que os descartáveis, a longo prazo, eles eram mais amigos da natureza. Indicou os copos de silicone ou metal retráteis, principalmente por sua maior durabilidade e versatilidade. Achei, no site Ecycle, uma enorme lista comparativa dos diversos tipos de materiais usados para fazer copos ou garrafas. Vale muito conferir antes de sair comprando.


Agora, você deve estar aí, se perguntando: como faço nas festinhas? Acredito que uma boa alternativa é a contratação de empresas com serviço de "empréstimo de copos", que oferecem copos super divertidos, coloridos e por um baixíssimo preço. Para quem nunca ouviu falar, são empresas que fabricam copos plásticos personalizados de altíssima qualidade e durabilidade para grandes eventos, com o intuito de diminuir os impactos sócio ambientais. Agora, há possibilidade de contratar esse tipo de serviço para pequenos eventos particulares. No Rio de Janeiro, há duas empresas principais nesse segmento: Capim Eco Copo, daqui do Rio mesmo, e Meu Copo Eco, empresa do sul, mas que atende quase todo o sul e sudeste do país.


Fique ligado e não caia no charminho dos copinhos de papel! Eles não são legais nem com você, nem com o meio ambiente!


Natália de Vasconcelos

Decor mimo - Festas Sustentáveis.



 
 
 

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